quarta-feira, 7 de março de 2012

História da Capoeira


Durante o século XVI, Portugal enviou escravos para o Brasil, provenientes da África Ocidental. O Brasil foi o maior receptor da migração de escravos, com 42% de todos os escravos enviados através do Oceano Atlântico. Os seguintes povos foram os que mais frequentemente eram vendidos no Brasil: grupo sudanês, composto principalmente pelos povos Iorubá e Daomé, o grupo guineo-sudanês dos povos Malesi e Hausa, e o grupo banto (incluindo os kongos, os Kimbundos e os Kasanjes) de Angola, Congo e Moçambique.

Os negros trouxeram consigo para o América/Novo Mundo as suas tradições culturais e religião. A homogeneização dos povos africanos e seus descendentes no Brasil sob a opressão da escravatura foi o catalisador da capoeira.

A capoeira foi desenvolvida pelos escravos do Brasil, como forma de elevar o seu moral, transmitir a sua cultura e principalmente como forma de resistir aos seus escravizadores, geralmente era praticada nas capoeiras, e a noite nas sensalas onde os escravos ficavam acorrentados pelos braços, o que explica o fato de a maioria dos golpes serem desferidos com os pés, foi também muito praticada nos quilombos, onde os escravos fugitivos tinham liberdade para expressar sua cultura.

Há relatos de historiadores de que Zumbi dos Palmares e seus quilombolas comandados, só conseguiram defender o Quilombo dos Palmares dos ataques das tropas coloniais, porque eram exímios capoeiristas, mesmo possuindo material bélico muito aquém dos utilizados pelas tropas coloniais e geralmente combatendo em menor número, resistiram a pelo menos vinte e quatro ataques de grupos com até três mil integrantes, comandados por capitães-do-mato, e foram necessários dezoito grandes ataques de tropas militares ao Quilombo dos Palmares para derrotar os quilombolas, soldados de Portugal relatavam ser necessários mais de um dragão (militar) para capturar um quilombola, porque se defendiam com estranha técnica de ginga, pernas, cabeça e braços, muitos comandantes de tropa portugueses e até um governador-geral, consideraram ser mais dificil derrotar os quilombolas do que os holandeses.

Há registros da prática da capoeira nos séculos XVIII e XIX nas cidades de Salvador, Rio de Janeiro, e Recife, porém durante anos a capoeira foi considerada subversiva, sua prática era proibida e duramente reprimida. Devido a essa repressão, a capoeira praticamente se extinguiu no Rio de Janeiro, onde os grupos de capoeiristas eram conhecidos como maltas, e em Recife, onde segundo alguns a capoeira deu origem à dança do frevo, conhecida como o passo.

Após mais de quatrocentos anos de perseguições e proibições, a capoeira chega aos nossos dias com conteúdos artísticos, filosóficos, culturais e sociais, se tornando uma importante forma de manifestação cultural do nosso povo.

Tendo sua origem afro-brasileira, sendo uma mistura de diversas lutas, danças, ritmos e instrumentos musicais de diferentes povos, a capoeira está vinculada com a história do Brasil. É a contribuição do negro, do índio e do europeu dentro da nossa sociedade. Da escravidão até os dias atuais, sua história nos mostra muita força, capacidade de adaptação e resistência.

Hoje em dia, mais forte e valorizada do que nunca, essa expressão cultural, fruto da miscigenação de raças, é tão misteriosa quanto o povo brasileiro, resiste às dificuldades diversas e caminha a passos determinados para o futuro.

"Capoeira é uma arte que engloba várias artes em uma só: é um trabalho, uma luta, uma arte, uma dança. É poesia. Tudo isto tem seu momento, ou seja, ela é o que o momento determinar. É luta nacional brasileira, filosofia de vida. Como conseqüência, o capoeira compreende a vida de uma maneira diferente: com mais jogo de cintura. Dessa forma, consegue suportar melhor suas dificuldades e vivenciar com mais objetividade seus sentimentos." (Mestre Camisa – presidente da ABADÁ-Capoeira)

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